Na vida, conhecemos dois tipos de pessoas: aquelas que te colocam para baixo e aquelas que te colocam para cima. Efrahim Meniuk faz parte do último grupo.
Dotado de um caráter extraordinário, foi um exemplo de lealdade e persistência. Conheci o Efrahim em 2017 quando me procurou para me oferecer um negócio. Incansável, possuía uma visão de negócios ímpar e uma incrível capacidade de conectar pessoas, o famoso networking. Dos negócios, surgiu uma forte amizade.
Apesar da grande diferença de idade entre nós, me sentia muito à vontade para tratar de assuntos pessoais e pedir conselhos. Da mesma forma, sentia o mesmo do Efrahim. Achava engraçado que, sendo uma pessoa objetiva em reuniões, costumo finalizar os assuntos a serem abordados com rapidez. Porém, o Efrahim sempre tinha uma estória para contar e eu achava impressionante o fato dele conhecer todo mundo. O que deveria ser algo breve se estendia para uma aula da vida, ou seja, um constante aprendizado. Queria ter conseguido ter mais reuniões com ele para simplesmente estar e aprender mais com ele.
Quando fui convidado por Efrahim para ajudar na reestruturação da Câmara de Comércio Brasil-Israel do Rio de Janeiro, aceitei essa missão por gratidão a ele. Gratidão por ter sido uma pessoa fenomenal comigo e que apesar do pouco tempo de convivência, sempre esteve ao meu lado. Gosto de ressaltar uma característica marcante do Efrahim: a sua lealdade. Ele não media esforços para ajudar quem gostava e não se importava em ser polêmico para defender o que achava correto. Senti isso muitas vezes enquanto conversávamos.
O mínimo que posso a fazer como gratidão a tudo que o Efrahim fez por mim é tornar a Câmara – a “menina dos olhos” dele – uma instituição relevante e um ambiente propício para novos negócios conforme ele sempre desejou.
Me despeço com uma última estória: Tínhamos marcado uma reunião com uma pessoa que o Efrahim queria me apresentar para uma quarta-feira, dia 15 de março. Nessa época, começava a pipocar os primeiros casos de COVID-19 no Brasil e as pessoas começaram a ficar em casa. A primeira coisa que fiz foi ligar para o Efrahim para cancelar a reunião e ordenar – dessa forma mesmo, em tom autoritário, porque ele era teimoso – que ficasse em casa e que não saísse sob hipótese alguma. Ele respondeu “anotado doutor, pode deixar!”. Nos falávamos com frequência e eu sempre perguntava se a promessa de não sair de casa estava mantida. Com minha rotina ocupada, fiquei uns dias sem falar com ele, mas já estava articulando assuntos que ele havia me pedido para a Câmara. Até que um amigo próximo de nós dois me mandou uma mensagem dizendo que o Efrahim estava internado. Quando recebi a mensagem, o desespero tomou conta de mim e passei a incluir o Efrahim em todas as minhas rezas diárias, além de mandar mensagem com frequência para a médica que o acompanhava. Quando soube do seu falecimento, desabei. Não porque ele não tivesse tomado às precauções necessárias, ele fez exatamente o que deveria ser feito. Às vezes, as coisas não tem explicação. Me arrependo de ter desmarcado aquela reunião na quarta, porque poderia ter estado e aprendido mais com ele. Mas tenho certeza de que estará sempre ao nosso lado nos protegendo e nos guiando.
Efrahim, você deixou um legado inestimável e pessoas leais a você, porque você plantou caráter e colheu a admiração de todos.